Três coisas
Na verdade, cinco (relevem, somos de Humanas - não é que a gente não saiba contar, a gente só não gosta)
🗣️Fala, Monix👩🏻
Tenho três coisinhas pra compartilhar com vocês. Rapidinho. Vamos?
Primeira coisa: um podcast
Tenho pensado muito nas bolhas que formam esse mundão que a gente chama genericamente de internet. Isso porque estou ouvindo o podcast A Coach e constatando, não sem surpresa, que o Chico Felitti fala de coisas que supostamente mobilizaram a web brasileira das quais nunca ouvi falar. E eu que me achava muito descolada me pego sabendo menos dos babados que qualquer tia do zap por aí.
Enfim. Em minha defesa, a parte mais explosiva das tretas envolvendo Kat Torres, a personagem retratada no podcast, aconteceu num momento em que a minha bolha só falava das eleições presidenciais. Isso me fez tão mal que deletei todos os apps de mídias sociais do celular — mas isso é outra história. Fato é que, sabendo ou não quem é a coach (miss-modelo-pseudo celebridade-influenciadora-autora de auto-ajuda-bruxa-etc), o podcast é bom. Se estiver procurando alguma coisa pra escutar enquanto lava a louça, fica a dica.
Segunda coisa: um livro
Mais que uma história bem contada, O Crime do Cais do Valongo é um mergulho nas origens de uma cidade cruel, muito cruel, especialmente com sua população negra. O Rio de Janeiro dos tempos de Dom João VI é o cenário desse romance policial, que chegou em minhas mãos com cinco anos de atraso. Ele pode ser lido apenas como uma trama de suspense. Mas não é disso que se trata, e se você tiver atenção vai entender, nem que seja no último parágrafo, qual foi o verdadeiro crime que aconteceu ali.
Terceira coisa: uma exposição
Ainda dá tempo, se você não viu, mas tá quase acabando Chile, 1973, no CCBB do Rio. Poucos dias depois do 11 de setembro, aquele outro, a Junta Militar que depôs o presidente Salvador Allende convidou a imprensa estrangeira para testemunhar o que acontecia no país — obviamente que a intenção era maquiar as barbaridades cometidas contra a população civil, mas o Jornal do Brasil mandou o fotojornalista Evandro Teixeira, que já tinha nas costas nove anos produzindo imagens antológicas da vida política em um Brasil sob censura. O resultado é um documento pungente das feridas abertas de um país que nunca mais seria o mesmo.


Bonus track: a propósito desse momento turbulento da história chilena, comecei a ver Isabel, série da Amazon Prime que conta a incrível vida da escritora Isabel Allende — só assisti o primeiro episódio, mas parece ser baseada nos acontecimentos narrados no livro Paula. Até agora gostei do que vi.
🗣️Fala, Helê 👩🏾🦳
💞 "Com licença, vocês são um casal?" É dessa maneira o perfil Meet cutes NYC aproxima-se de duplas que circulam por Nova York e realiza saborosas entrevistas sobre a história daquele amor. Casais jovens e idosos, interraciais, apressados, LGBTQ, donos de histórias longas ou recentes dão entrevistas curtas mas sempre interessantes. Daquelas ideias simples, mas não necessariamente fáceis. Há uma grande habilidade de edição que deixa os vídeos todos com uma mesma duração e ritmo. As perguntas não variam muito - como se conheceram, o que mais gostam um o outro, qual foi a primeira impressão que o outro causou - mas em quase todos revelam um detalhe ou fato que desperta o interesse; faz pensar que todas as histórias de amor realmente valem a pena (serem contadas, ao menos). Acho especialmente bacana a infinidade de reações e interações entre os casais diante das perguntas, e observá-las me parece irresistível. Muitas vezes já estava prestes a fechar o aplicativo quando uma história aparece no feed e acabo terminando a leitura com um sorriso, diante daquela microbiografia amorosa de protagonistas desconhecidos. Em outras palavras sou muito romântico, diria Caetano.
Além de ser um dos meus perfis favoritos, o MeetCutes me lembra um pouco a internet pré redes sociais, aquele lugar que a gente acessava pra ver coisas inventivas, curiosas, saber como vive gente que a gente não conhece (e talvez não venha a conhecer). Um respiro, um suspiro, um alento em meio ao mar de anúncios que se tornou o feed do Instagram (e a internet em geral).