Nota de desagravo à Thais Bilenky
Nunca pensamos em fazer uma nota dessas (até porque 'desagravo' pertence a um conjunto de palavras que soam o oposto do que dizem, como 'recrudescer'). Mas é disso mesmo que se trata, uma tentativa de “reparar afronta ou injúria”. E uma demissão abrupta e mal explicada é isso, no mínimo. Vamos correr o risco de errar, já que não trabalhamos na Piauí e desconhecemos o motivo alegado (embora circulem versões). Mas nos posicionamos diante dos fatos que temos: as despedidas comovidas da própria Thais e do Toledo, o pedido de demissão dele em solidariedade à colega e o corte desse trecho no episódio que foi ao ar, numa tentativa de nos impedir de ouvir uma fala contundente porém sóbria. A censura é prerrogativa da edição, mas diz muito mais sobre quem a ordenou do que o que foi suprimido. Além, claro, das centenas de horas de audição do Foro de Teresina, com o qual atravessamos a pandemia e o panDemônio. E isso não foi pouco nem desimportante. Como ambos lembraram bem, estabelecemos uma relação - de respeito, admiração e um tipo de companheirismo. Não achamos que estão isentos de críticas, muito pelo contrário - se havia algo que incomodava às cariocas era o sotaque muito paulistano da Thais. Mas nunca duvidamos do talento e do profissionalismo de nenhum deles, e a Thais ganhou uma projeção maior com o impecável “Alexandre”, que ela nos fez acompanhar como os antigos folhetins – ou os bons podcasts. Todos esses fatos nos levam a considerar a demissão da Thais Bilenky injusta - e quem já foi injustamente demitido sabe o tamanho desse golpe.
O Fim do Foro (pra nós ele acabou hoje) é uma perda inesperada e desnecessária para o já frágil jornalismo brasileiro; a demissão sumária da Thais Bilenky atinge a todos nós e o gesto solidário do Toledo só nos faz sentir um vazio ainda maior.