Menos rosas, enfim
Hoje é aquele dia que a gente não comemora, porque nossa parte a gente quer em dinheiro
🗣️Fala, Monix👩🏻
A gente não costuma seguir o calendário habitual das social media na parte que comemora o Dia Internacional da Mulher e tal. Ranço define? Sim, com certeza. Até bem pouco tempo atrás, era dia de ganhar rosas e bombons e ouvir piadinhas tipo “quando vai ser o dia do homem” de pessoas para quem não podíamos responder o óbvio (dia do homem são todos, chefe). Até bem pouco tempo atrás fazia sentido escrever isso que postei em 2013, coincidentemente em março, mas bem depois do dia 8. E só porque este ano talvez tenha sido o primeiro em que vi mais menções à data como marco de lutas do que distribuição de rosas na frente das lojas, bem, só por isso achei que tava na hora de repostar esse texto. Engraçado ler com o olhar de 2024, quando tanto do que indico ali já ganhou outros significados…
Mas não custa lembrar: dispenso as rosas, a minha parte eu quero em dinheiro 💰
Fiquem com o post de março de 2013, direto do túnel do tempo:
Depois da fase de “queimar sutiãs” (mesmo que metafóricos), das conquistas pós-feministas e até mesmo do retrocesso dos últimos anos (que trouxeram à pauta termos complicados como backlash e slut shaming), parece que o feminismo está voltando a ser tendência*. Isso é ótimo, mas até hoje, em pleno século XXI**, ainda há quem ache que “tudo já foi conquistado”, “feminismo pra quê, se as mulheres mandam no mundo” etc. Então o “movimento” (eu falaria mais em “movimentos” feministas, porque são tantos) está saindo novamente às ruas, o que, nunca é demais repetir, eu acho ótimo. Por exemplo, a Marcha das Vadias me parece uma ótima resposta, ao mesmo tempo bem-humorada e politizada, à cultura de slut shaming que citei ali em cima. Já os protestos sem-noção do Femen eu não curto, porque não parecem contribuir para ampliar a reflexão dos segmentos menos progressistas da sociedade – e provavelmente atingem o objetivo oposto. É uma abordagem útil para mobilizar quem já é convertido, mas dá uma visibilidade muito negativa para quem não gosta de pensar no assunto. Para falar com essas pessoas, soa bem mais eficaz dizer que “pessoas feministas são mais felizes” – ainda mais quando a afirmativa é baseada em pesquisa científica (por mais furada que seja a metodologia, e por mais clichês que sejam as conclusões), e publicada em revista voltada a um público bastante jovem e curioso. Todas as militâncias têm lá o seu papel, mas quando eu vejo a cultura mainstream incorporando temas antes restritos às vanguardas, não posso deixar de achar uma coisa boa.
* Pronuncia-se “temdemça” :P
** E a gente achava que este seria um tempo tão moderno. Hmpf.