🗣️Fala, Monix👩🏻
Eu não ligo pra spoiler.
Quando eu era pequena (e não era lá em Barbacena, desculpe a piadinha irresistível), a gente nem sabia o que era spoiler, o máximo que se dizia era que alguém estragou a surpresa do filme ou do livro. Mas eu não me lembro de jamais ter me incomodado com isso. Saber o final de uma obra de ficção não estraga minha experiência, apenas a torna diferente. Por exemplo, assistir Thelma e Louise sabendo o que acontece naquela road trip me fez ver a jornada a partir de seu final. Em O Sexto Sentido, já fui encaixando as peças do "grande segredo" enquanto elas eram apresentadas, assim não precisei rever o filme. Quando o livro tem um suspense muito grande, corro lá nas últimas páginas, dou uma espiada no desfecho e consigo fruir a leitura com calma, sem a ansiedade de querer desvendar logo. (Agatha Christie é exceção, porque a graça está justamente em acompanhar o malabarismo que ela faz para chegar na esperada reviravolta final - aliás, no meu tempo a gente não falava em plot twist, existia até essa palavra em português que significava a mesma coisa.)
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Pois bem. Dito tudo isso, quero recomendar a segunda parte do episódio desta semana do podcast Rádio Novelo Apresenta, sem dar nenhuma pista sobre o tema. Não é uma história leve nem divertida, isso eu posso dizer. É importante e grave. Mas foi contada de um jeito tão diferente do que estamos acostumados a ouvir, e trouxe detalhes novos tão interessantes, que eu só posso dizer: ouve lá. Começa mais ou menos no minuto 45.
🗣️Fala, Helê 👩🏾🦳
Eu tetesto spoiler; sem paranoia, mas, podendo, eu evito. E agradeço se me pouparem.
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Já que a Outra falou em podcast, vai aqui a dica para ouvir “Sambas contados”, com o Emicida. Não precisa ser conhecedor e/ou amante do samba e nem do Emicida, basta ter interesse pelo Brasil, porque o samba é uma maneira de compreender esse país (para mim, a mais atraente). Assim eu tenho aprendido nas aulas da disciplina “Pensamento social do samba” - mas isso é conversa para outra hora…
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E já que falamos de música, volto para Beyoncé: quem é que vai copiá-la aqui no Brasil e resgatar a música sertaneja e suas raízes negras (e indígenas) - quando as canções não falavam de marcas de carro e selfies? A gente podia começar por Pena Branca e Xavantinho, que eu adoro.
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E já que falamos de pretos: ontem vi um tuíte criticando as fotos que a consagradíssima Anne Leibowitz fez da talentosa (e fotogênica) Zendaya. O texto falava na inabilidade da fotógrafa em retratar mulheres negras, dando a entender que essa não era a primeira vez em que o trabalho dela era questionado quando as mulheres negras eram retratadas. Fiquei muito surpresa porque a Leibowitz é reconhecida como uma das melhores no ramo, especialmente na tradição de retratistas, muito valorizada nos EUA. Fui pesquisar e, de fato, a discussão, que eu desconhecia, não é nova: uma pesquisa rápida no Google e você vai achar material sobre o assunto pelo menos desde 2020*. Surpreendente, na verdade, é que ela siga sendo chamada para trabalhos do tipo - e que as fotografadas aceitem. Nada é mais contundente do que a comparação entre fotos das mesmas mulheres negras feitas por Leibowitz e por outros fotógrafos. E fotos dela de mulheres brancas - sempre glamourosas, radiantes - e de mulheres negras - duras, tristes, brutas. As fotos falam por si, chega a ser chocante. Nem vou discutir estilo, motivações e interesses - apenas entendam porque eu faço questão do flash nas fotos de grupo (piada interna mas não tanto).
Essa parte me impressionou bastante, inclusive (principalmente) porque nunca se soube disso. Ela fez o que fez e não capitalizou em cima disso, não postou foto na rede, nada.
Fiquei (positivamente) impressionada com a Dilma no podcast em questão. Volta e meia um gesto ou situação com ela relembra o quanto esse país foi misógino e brutal com essa mulher, sabe.